terça-feira, 18 de agosto de 2009

Trecho de Catty Girl


"Os pássaros cantavam um pouco mais alto do que o normal. Eu podia ouvir respirações, alguém estava por perto. E se fossem os homens novamente? O que eu faria? Era melhor continuar com os olhos fechados, em silêncio.

Uma faca atravessou meu peito. O ar sumiu. Mas eu ainda pude abrir os olhos. Apenas árvores. Entretanto, a dor continuava. A faca ainda estava lá, mas estava em movimento, agora. Ela perfurava cada órgão do meu corpo, e eu não conseguia fazê-la parar. Não havia o que parar. Minhas mãos apalpavam o ar; não havia faca alguma.

Tentei levantar do chão. Eu precisava juntar forças para encontrar o caminho de volta. Eu precisava de ajuda. Eu gemi alto, como se adiantasse alguma coisa, como se a dor diminuísse ou como se alguém pudesse me ouvir. Parecia não haver mais saídas. Seria melhor se tudo acabasse. Eu já havia tentado de todas as formas, mas não existiam forças em nenhum ponto do meu corpo. A dor já não me afetava mais. Todas as minhas células conspiravam para que aquilo acabasse, para que a dor me tomasse por completo, e então sumisse, deixando que eu descansasse em paz. Era tudo o que eu pedia.

Ben, Davi, George, Kate, Sam, Lia... Esses nomes rondavam a minha mente, enquanto eu me entregava à morte. Eu queria lutar por eles. Eu precisava viver por eles. Porém, a escuridão já havia tomado conta de todo o resto e não havia o que fazer. Não existia solução, a não ser esperar. E foi o que eu fiz. Novamente, tudo ficou escuro."


Por Michele Penteado. (trecho de Catty Girl - the outset)
© direitos reservados a autora

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