domingo, 7 de novembro de 2010


PRÓLOGO

Eu nem ao menos sabia se era certo o que eu fazia. Eu estava indo contra todos os meus princípios agora. Eu havia mentido para o meu pai, eu estava colocando a minha vida em risco e – o pior de tudo – eu não estava nada afetada com isso. Talvez nem existisse mais um coração no meu peito. Era como se alguém tivesse tomado todo o ar que restara para que eu respirasse. Então eu lutava desesperadamente para que o devolvessem a mim. Eu já havia esperado tempo demais.

A vingança e o ódio que corriam pelo o meu peito não me deixavam esperar nem por mais um segundo. Eu não teria medo dessa vez. Eu estava forte o suficiente para acabar com quantos fossem os homens que estivessem naquela cabana. Não importando quais armas eles usassem, ou quão assustadores eles estivessem.

O vento beijava as maçãs do meu rosto. Levianamente cobrindo meus olhos com os meus cabelos emaranhados. E eu pude sentir a lâmina afiada da faca que estava em minhas mãos. A velha Bowie de meu pai ainda seria útil para alguma coisa, afinal. Respirei fundo, e deliberadamente dei um passo em direção ao que separaria a doce Mel da felina que ameaçava me possuir a partir daquele momento.



Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

Livro

Primeiramente, peço desculpas por todo o tempo que fiquei longe desse meu vício pelo blog.
Contudo, os motivos foram bons e recompensantes.
Antigamente morando em Porto Alegre, hoje em São Leopoldo, de volta à terra natal, e sozinha.
Muitos problemas para resolver, mas quando se trata de problemas para uma vida melhor, para obter tranquilidade e estabilidade, então esses problemas acabam se tornando bons, apesar de cansativos.
Por fim, está tudo se ajeitando. Ah, claro! Não podia esquecer outro impecilho: Não há sinal disponível de banda larga onde estou agora, por tanto, estou navagendo em internet discada. Então, tenham paciência...
Agoa, uma boa novidade, assim espero: Para recompensar o tempo perdido, decidi postar capítulo por capítulo do meu livro aqui. Começando hoje, em breve, com o Prólogo.


Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

sábado, 19 de junho de 2010


Essa manhã foi diferente. Ela ainda não tinha certeza do porquê.
Talvez tenha sido a chuva que caía sem parar enquanto ela observava o teto acima da sua cama. Ou talvez pelas lágrimas que escorriam sem aviso, fazendo com que ela nem sequer enxergasse o teto que tanto observara essa noite.
E também não era como se ela conseguisse controlar todos os pesadelos que teve essa noite. Nem como se ela estivesse acostumada com eles.
Na verdade, era como se ela soubesse, durante todo esse tempo, que eles existiam, mas era algo com o qual ela não queria se preocupar. E talvez seria melhor que nunca tivesse se preocupado.
Contudo, ela já havia o feito, e ela sabia que nada mais voltaria atrás.
Ela prometera a si mesma, anos atrás, que não sentiria isso outra vez, que não correria perigo algum. No entanto, essa noite ela descobriu que talvez não haja uma maneira de controlar isso. E que talvez seja realmente inútil se preocupar, porque que é inevitável que soframos e aprendamos com isso.
Ela percebeu que nem sempre ou, até mesmo, quase nunca terá o que espera. Infelizmente somos donos apenas dos nossos pensamentos e sentimentos. E se nem nós mesmos conseguimos controlá-los ou entendê-los, por que entenderíamos o de outros?
Então, ela prometeu a si mesma que seguiria em frente com algumas mudanças. Ela nunca saberá se é o caminho certo a seguir, mas... E quem sabe?

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

sexta-feira, 7 de maio de 2010


Eu disse que você era tudo o que eu precisava, eu disse a você isso milhares de vezes.
E agora eu penso se eu estava tentando me convencer disso...
Porque quando tudo está acabado, quando você tem seu coração despedaçado, você tem certeza de que não há mais volta, que nunca terá. Então, você apenas se conforta com isso. E eu não estava esperando que você aparecesse, não agora. Ainda parece ser cedo demais. Contudo, eu sinto que não posso voltar atrás.
Por mais que eu tenha esse escudo ao meu redor, eu não consigo mais segurá-lo por muito tempo. Você já encontrou uma fenda, e está entrando no meu mundo.
Eu não entendo o porquê, mas eu não consigo expulsá-lo daqui. Você já faz parte desse escudo.
E agora eu estou olhando para a pequena fenda pela qual você entrou, mas, na verdade, ela não existe mais. Você a cobriu com algo que eu não sei explicar.
Então, não há mais buracos, não há mais nada em pedaços. Há apenas você e eu aqui dentro.
Eu não consigo mais lutar, não existe mais escudos entre nós, não há barreira alguma, você já alcançou meu coração.
Então, se eu realmente estava tentando me convencer disso, eu consegui. Ou talvez você seja a única exceção pra isso tudo!

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

terça-feira, 20 de abril de 2010

Preocupações pra quê?


Às vezes é bom nos desprendermos dos porquês. Na vida não há motivo pra tudo, talvez o sol apareça hoje, talvez sejam as nuvens cinzas e pesadas que venham no seu lugar, mas quem sabe disso? Talvez os meteorologistas... Bem, até eles erram.
Não há motivos para amar, já dizia na composição de Renato Russo: "E quem um dia irá dizer que existe razão não coisas feitas pelo coração?". Amor nunca é demais, desde que você não esqueça de amar a si mesmo.
É muito mais simples amar do que odiar. o ódio é um atraso de vida, faz mal principalmente a quem o sente.
Deixar de lado o "talvez" também faz com que aproveitemos mais a vida.
Pode acontecer, como pode não acontecer. Esse é justamente o sentido da palavra. Então, pra que se preocupar?
São regrinhas simples, com algumas exceções, como qualquer regra que temos na vida. No entanto, por que é tão difícil seguí-las?
Acredito que todos nós sabemos a resposta: Nós somos difíceis, nós complicamos cada simples gesto. Escondemos sentimentos, guardamos rancores, pesamos por vezes e vezes os prós e contras - Ok, se preocupar faz bem, mas se preocupar demais apenas traz rugas -, procuramos respostas para questões inquestionáveis.
O dia seria mais leve, se pelo menos uma vez nós não nos importássemos muito com o porquê ou o talvez.
Eu deveria ter tentado isso hoje...

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Amor




Ela tinha finas linhas, cor de prata, entrelaçadas, e de um material muito pesado. Bem, talvez não fosse o material que proporcionava aquele peso. Talvez a responsabilidade fosse demais para mim.
Ainda havia a pequenina pedra no topo do anel, que machucava meus olhos com a luz do sol, enquanto eu o observava assustada.
Mas então havia outro peso em cima de mim, porém, este era quente e acolhedor, e, de certa forma, não me parecia um peso.
Ele acariciava meus cabelos, e beijava minha testa, era como se não se importasse com o que eu realmente estava sentindo. Como se não fizesse diferença se eu não o quisesse mais, ele ainda assim me quereria.
No entanto, era justamente esse ato que me fazia permanecer ao seu lado. Mesmo com tanta rejeição, com tantos murmúrios e reclamações tolas da minha parte, ele ainda estava ao meu lado. Suas mãos ainda continuavam sobre meus cabelos, e seus lábios me presenteavam com beijos leves e doces por toda a minha face. Então, por que eu o deixaria?
Eu penso que já aprendi a amá-lo.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Ela sentia-se fraca e vazia, mas ela sabia que essa não era a solução. Ela sabia que nada se resolveria desse jeito, apenas criaria novos problemas e dores para os que mais amava.
Mas então ela se perguntava: Qual a solução? Esconder, mais uma vez, todos os seus medos e dores? Encobrí-los com mentiras e ser forte - ou pelo menos parecer - até que possa estar sozinha e segura sob as cobertas na sua cama?
Ela apenas não entendia o porquê de tanta distância dos que amava.
Seus olhos já estavam fechados quando a última lágrima caiu. Ela sonharia em estar melhor pela manhã.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

domingo, 7 de fevereiro de 2010


Eu podia sentir o calor do sol no meu rosto, e ver o laranja dos raios através dos meus olhos fechados.
Então a escuridão tomava conta, o laranja ia embora, mas ainda havia um calor sob a minha pele. E eu sentia seus lábios tocando meu rosto lentamente, e se afastando, deixando o sol me encontrar outra vez, e retornando, traçando o caminho para os meus lábios.
Você deveria saber que eu não abriria meus olhos tão cedo. Não enquanto eu tivesse você ao meu lado. Porque, e se eu estivesse sonhando? O sentimento era muito bom para deixá-lo ir embora antes de aproveitá-lo por completo. Contudo, você também deveria saber que eu nunca estaria satisfeita. Eu sempre desejarei mais de você.
Então eu só peço que você cubra o sol outra vez, por enquanto eu tenho um calor melhor do que os seus raios.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O fim


Da sua boca sairam promessas atrás de promessas. Eu já lhe disse que elas não valem mais nada. São apenas palavras se você não der vida a elas.
Você parece querer tentar novamente. Eu sei que você me viu em pé, mas você deveria saber que eu não ficaria no chão por muito tempo. Contudo, talvez seja tarde demais para outra tentativa. Meu coração não sofrerá mais quedas e perdas.
Não faça essa cara pra mim. Seu olhar triste e suas palavras doces já não têm mais o mesmo efeito estonteante que tinham antes. Eu não vou mergulhar no azul dos olhos, eu tenho meu próprio bote salva vidas agora. E não pense que eu pularei dele.
Talvez se você me deixasse seguir em frente...

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora