sábado, 19 de junho de 2010


Essa manhã foi diferente. Ela ainda não tinha certeza do porquê.
Talvez tenha sido a chuva que caía sem parar enquanto ela observava o teto acima da sua cama. Ou talvez pelas lágrimas que escorriam sem aviso, fazendo com que ela nem sequer enxergasse o teto que tanto observara essa noite.
E também não era como se ela conseguisse controlar todos os pesadelos que teve essa noite. Nem como se ela estivesse acostumada com eles.
Na verdade, era como se ela soubesse, durante todo esse tempo, que eles existiam, mas era algo com o qual ela não queria se preocupar. E talvez seria melhor que nunca tivesse se preocupado.
Contudo, ela já havia o feito, e ela sabia que nada mais voltaria atrás.
Ela prometera a si mesma, anos atrás, que não sentiria isso outra vez, que não correria perigo algum. No entanto, essa noite ela descobriu que talvez não haja uma maneira de controlar isso. E que talvez seja realmente inútil se preocupar, porque que é inevitável que soframos e aprendamos com isso.
Ela percebeu que nem sempre ou, até mesmo, quase nunca terá o que espera. Infelizmente somos donos apenas dos nossos pensamentos e sentimentos. E se nem nós mesmos conseguimos controlá-los ou entendê-los, por que entenderíamos o de outros?
Então, ela prometeu a si mesma que seguiria em frente com algumas mudanças. Ela nunca saberá se é o caminho certo a seguir, mas... E quem sabe?

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora