segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Assim como a presa não acredita nos perigos de seu predador, eu também não conseguia acreditar nas palavras que saíam da sua boca. Elas soavam fortes demais, decididas, definitivas. E eu estava cheia delas na minha mente. Não havia pra onde fugir. Por mais que meus ouvidos estivessem cobertos, mesmo que meus olhos estivessem pressionados, minha cabeça ainda doía com seus insultos.
Por alguns segundos, porém, era mais fácil lembrar de como seus olhos brilhavam com os meus, da sincronia dos nossos lábios esfomeados um contra o outro. Mas, assim que meus olhos estavam abertos novamente, você estava à minha frente, suas mãos agrediam o ar, seus lábios moviam-se demasiado rápido, mas seus olhos... Eles ainda tinham o mesmo brilho de antes. Eu sabia que, em algum lugar nos seus sentimentos, ainda existia o nosso amor. Agora, entretanto, eu não apreciaria esta parte de você, e eu também não tinha certeza de que eu, algum dia, faria isso. No entanto, eu ainda poderia aguardar por mais algum tempo. O amor me faria esperar.

Por Michele Penteado.
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