terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Diferentes


Hoje quando eu acordei, o sol se escondia envergonhado, brincava pelas nuvens, foi uma pena não tê-lo visto por completo. Porque então eu poderia aproveitar cada pequeno raio que tocasse meu rosto, seria como uma grande fonte de energia. Talvez me ajudasse a levantar da cama. Mas ele não apareceu...
Então, eu pensei que talvez ele estivesse aparecendo pra você. Já que nós somos como os pólos da Terra. Talvez ele estivesse aquecendo seu rosto pela manhã. Isso fez com que eu saísse do calor das cobertas e encarasse um novo dia.
Mas eu observei meu telefone durante todo o trabalho. Eu fiz promessas bobas, e competições comigo mesma, imaginando se você ligaria. Quem sabe apenas uma mensagem, algum sinal de vida. Bem, talvez seja porque nós somos como os pólos da Terra.
À noite, enquanto eu me virava de um lado para o outro na cama, você não saiu do meu pensamento durante um segundo. Eu não queria você aqui dentro, mas apenas não há um jeito de tirá-lo daqui. Porque se houvesse, você sabe que eu não estaria mais tão ligada à você. Se houvesse apenas uma maneira de no meu coração nós também sermos como os pólos da Terra, então você saberia.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Apaixonada


Meu coração foi aberto, talvez pela segunda vez na minha vida. E eu queria poder controlá-lo agora. Porque... E se você não for a pessoa certa? E se meus olhos não enxergarem um palmo à minha frente? Então, como eu posso andar no escuro?
Eu não suporto não saber onde estou pisando. É apenas um pouco de segurança que eu preciso agora, e você ofereceu sua mão. Mas, então, havia este enorme buraco no chão, e eu estou presa nele neste exato momento.
Eu só desejo saber como sair da escuridão. Eu sei que estou perdida... Eu deveria saber que era como uma rua sem saída. Você tem meu coração em suas mãos, e não é como se eu pudesse fazer alguma coisa a respeito...

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

domingo, 22 de novembro de 2009

Coração em pedaços


Eu não quero sofrer outra vez como eu sofri a primeira. Eu não quero que tudo seja como era antigamente, eu realmente preciso de uma mudança. Por isso eu tento afastar toda essa loucura da minha cabeça às vezes, mas é quase inevitável. Ele sempre arruma uma maneira de aparecer novamente nos meus pensamentos, e me deixa nas nuvens com algumas simples palavras. Eu tento permanecer no chão, no entanto, é como se ele me presenteasse com asas. Mas eu não quero um par delas, porque então eu estou no alto e ele desaparecesse. Ele apenas some, e não é como se nunca estivesse ao meu lado. É como se faltasse um pedaço de mim, como se ele tivesse roubado o meu coração. Então, eu apenas quero que ele o devolva pra mim, porque eu não quero tê-lo em pedaços outra vez...

Por Michele Penteado.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Indecisão


Hoje eu acordei mais leve, como se todos os meus problemas tivessem ido embora enquanto eu dormia. Mas, na verdade, eu sei que o mundo não funciona desse jeito. Então eu acordo, e percebo que o mundo continua girando, mesmo que eu esteja parada no mesmo lugar. Eu não tenho tempo para indecisões, eu sei disso. Não preciso ser lembrada a todo o momento. É que... Apenas é difícil escolher quando se quer tudo. Talvez eu devesse pensar melhor... Quem sabe se o mundo parasse, ao menos por um segundo, e eu pudesse descer e pensar? Eu não consigo raciocinar com mil idéias na minha cabeça, quando vocês apenas não param de jogá-las pra cima de mim. Talvez fosse melhor eu desistir dessa loucura...

Por Michele Penteado.
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Techo Catty - Girl (Capítulo 8)


De volta à estrada, os pensamentos foram os mesmos. Eu apenas tentava afastá-los da minha mente. A rua em que eu estava não parecia muito conhecida. Eu não me lembrava dela das outras vezes que fui a Folkston. Não, mas eu não poderia estar perdida. O mapa que eu havia imprimido me dizia que o caminho era esse. Ou será que era pra ter dobrado à esquerda na rua anterior?

Eu parei o carro para observar melhor o mapa, então alguém buzinou. Havia um carro azul marinho, talvez roxo, parado ao lado do Alfa. O vidro desceu e eu pude ver o rosto do homem. Era o mesmo que estava no posto de gasolina.

- Ei, precisa de ajuda? – Ele se ofereceu.

- Não, obrigada! Estou apenas conferindo o mapa. – Não era seguro aceitar ajuda de estranhos. Eu logo localizaria o meu erro e então poderia seguir no caminho certo.

- Hm... Você esta indo pra onde? – Ok, ok. Talvez fosse melhor pedir ajuda.

- Estou indo para Folkston, mas acho que devo ter entrado na rua errada. – Eu confessei.

- Oh, eu estou indo a Andrews, é caminho, você pode me seguir se quiser.

Eu conhecia Andrews, na Carolina do Sul. Era a caminho de Folkston, sim. Eu não tinha muitas opções, então...

- Eu vou aceitar!

O homem dirigia devagar, era fácil de acompanhá-lo, apesar de a estrada ficar cada vez mais estreita e mal asfaltada. Eu não me lembrava daquele caminho. No entanto, eu não fazia esse trajeto há mais de meio ano.

Enquanto eu o seguia, eu tentei acompanhar o caminho pelo mapa, mas confesso que tive algumas dificuldades. Era difícil localizar onde nós estávamos.

Já era meio dia. Nós ainda estávamos na estrada, se é que aquilo poderia ser chamado de estrada. Resolvi ligar para Ben. Procurei meu celular na minha bolsa, enquanto continuava com os olhos no carro à minha frente – o homem deveria ter muito dinheiro, pois dirigia um Hyundai, provavelmente o último modelo lançado. Más notícias: meu celular estava sem sinal. E algo de errado estava acontecendo por essa estrada.


Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

sábado, 14 de novembro de 2009

Novas notícias!


Venho aqui para divulgar novas e ótimas notícias!

O site LeS fez uma matéria super legal sobre o blog e o livro Catty Girl, e você pode conferi-la clicando aqui.

Também tenho novidades sobre o livro. Acabei de escrever o último capítulo hoje, mas ainda preciso passá-lo para o computador. Então, na próxima semana estarei fazendo a revisão dos capítulos e, logo depois, pretendo enviá-lo a biblioteca nacional para registrá-lo.

Se Deus quiser - e ele há de querer-, o livro estará registrado e em minhas mãos até abril do ano que vem. Sim, infelizmente demora, mas valerá a pena ao final de tudo!

Qualquer outra novidade eu vou postar aqui! E logo, logo, farei novos textos, prometo!



Mil beijos, Michele Penteado.


domingo, 8 de novembro de 2009

Aconchego


Fazia frio, e o céu estava escuro, encoberto por nuvens cinzas e tristes. Eu fitava o vazio, à procura de calor... Foi então que encontrei seus olhos. Doce e aconchegante era o seu olhar para mim. Seus olhos eram duas linhas levemente arredondadas, acompanhados de um grande sorriso, que fez meu coração bater mais rápido.
Meu corpo enrijecido foi coberto por um par de braços fortes e quentes, em um abraço acolhedor. Só então eu pude relaxar, para logo depois sentir seus lábios sobre os meus, acalmando-os lentamente, enquanto seu perfume se alastrava pela minha mente.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

sábado, 7 de novembro de 2009

Horror em Amityville


Este livro foi lançado em 1977 por Jay Anson, e conta a história da fictícia família Lutz, mas baseado em uma história real, onde a família era formada por um casal e seu três filhos.
Após mudarem-se para a casa 112 da Ocean Avenue, em New York, USA, a família Lutz descobre que ocorreu um crime na casa: Ronald DeFeo, de 23 anos, matou a família inteira, em uma noite de 1974. A obra descreve as assustadoras experiências paranormais que George Lutz e sua família teriam vivenciado na casa mal assombrada.
O livro obteve enorme sucesso, sendo traduzido em várias línguas, inclusive português. Muitos anos mais tarde virou filme, o qual não fez tanto sucesso, talvez devido à sua infidelidade ao livro.

O site LeS tem sempre ótimas dicas de livro, que vale a pena conferir.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Notícias do Livro!


Bom, atendendo a um pedido da Carol, resolvi dar notícias do livro. Continuo escrevendo, estou no 19° capítulo, chegando ao final. Planejo escrever mais quatro capítulos, então lançá-lo. Já conversei com algumas editoras, e espero conseguir lançá-lo no máximo até metade do ano que vem. Conto com a ajuda dos meus amigos, dos novos que fiz, e de todos que estão me apoiando nesse novo caminho que não é fácil. Quero pedir desculpas pelos desaparecimentos, estou estudando bastante, e me entregando ao livro, pretendo terminá-lo logo. Então, tenho ficado sem tempo para escrever novos textos e postá-los aqui. Esclarecendo mais uma coisinha: não postei mais trechos do livro, pois, como estou nos trechos finais, quero que seja surpresa tudo o que forem ler daqui pra frente. São trechos importantes, que eu acho que não devem ser revelados antes do tempo. No entanto, quero adiantar que há bastante ação e romance vindo por ai! Muito obrigada pelo apoio, os comentários, as críticas. Sigo em frente apenas por esses que me auxiliam!

Mil beijos,
Michele Penteado.

Um Simples beijo


Seu rosto está a menos de um centímetro distante do meu. Então, lentamente, você se aproxima. Eu não consigo controlar meu coração; ele bate descompassado, como se acompanhasse minha respiração ofegante. Eu estou mergulhada no azul profundo dos seus olhos, sinto-me em um mar de ilusões, e eu apenas não quero sair daqui.
Subitamente, sinto um choque no meu rosto, seguido de um longo arrepio. Sua mão está sobre minha pele, desenhando cada linha do meu rosto. Então, em um breve segundo, meus olhos desviam-se dos seus, e seus lábios estão se movimentando em minha direção, eles dizem algo, mas eu não posso ouvi-los, não é como se eu tivesse controle da minha mente agora. Nossos lábios se encontraram;o choque foi ainda maior. Há uma grande corrente elétrica passando pelo meu corpo, e eu não quero que isso acabe. No entanto, seu rosto afasta-se suavemente do meu, mas eu ainda estou presa no seu olhar, e agora eu vejo nele o que seus lábios tentavam me dizer antes: Eu amo você!

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A espera

Eu digo que te esqueci, mas eu ainda continuo olhando aquelas velhas fotos. Aquelas do tempo em que eu ainda acreditava em amor verdadeiro. Então, eu lembro o que você dizia quando me beijava, e eu olho pra você agora... Apenas não pode ser a mesma pessoa. É como se eu não o conhecesse mais. No entanto, nada mudou. Você continua o mesmo bom garoto de sempre, e eu continuo o perdendo, a cada dia que passa. Então, eu limpo minha cabeça de você, e não há mais nada na minha mente. Eu estou livre agora, mas eu não sei por quanto tempo mais. Talvez eu te espere para o jantar, mas eu estou pronta para que você nunca apareça.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Alone



Eu olho para o céu e vejo apenas o seu nome desenhado nas nuvens. Ele está por toda parte. Então, eu lembro o tempo em que estávamos juntos, quando eu ainda acreditava que poderia voar. Mas eu estou presa ao chão agora. Então, por que eu ainda tento? Eu apenas não quero ouvir aquele som... de perder o que eu nunca encontrei.


Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Trilha sonora


Poisé, cada um tem seu jeitinho para escrever, alguns gostam do silêncio, outros de conversas. Alguns preferem dias tristes e nublados, outros optam por escrever quando estão felizes e entusiasmados. Eu gosto de escrever com músicas. E aqui vai algumas das muitas que me inspiram todos os dias.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Happiness


Pela primeira vez, em semanas, ela sentia-se feliz. Ela acordara hoje cedo e inspirara todo ar que pudera, e ele não cortou sua garganta. Aliás, não havia mais nós nela. Não havia mais lágrimas nos seus olhos. No lugar de seus rastros, haviam leves rugas de um sorriso. Então, pela primeira vez, em semanas, ela viu o sol. Ele estava forte e vivo, e seus raios acariciavam docemente o seu rosto. Seus olhos fecharam-se em protesto à intensa claridade. No entanto, ela continuava o observando, por entre os longos cílios negros. Ela sentia cada célula do seu corpo sendo aquecida novamente. E a sensação era incomparavelmente boa. Ela então decidiu que aproveitaria cada segundo que ainda restasse dessa felicidade, desprendendo-se dos porquês, ou dos talvez. Deixando pra trás qualquer dúvida que rondasse sua mente. Ela pensaria apenas em ser feliz.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Presa


Ultimamente, as palavras fogem do meu pensamento quando as trancrevo para o papel. Eu não sei exatamente qual o motivo, mas elas simplesmente se escondem nos lugares mais improváveis da minha mente. E eu não consigo achá-las.
Costumava ser mais fácil antes. Contudo, eu não entendo qual o motivo disto agora. Tudo continua igual, e não há explicação pra tal coisa.
Eu fecho os olhos, e espero que o sentimento venha. É em vão. Nem mesmo as lágrimas aparecem mais. É como se... se meu coração estivesse petrificado, congelado. E eu apenas não sei como desfazer isso.
Mesmo com toda a confusão no meu peito, eu continuo em silêncio. Porque eu não penso que eles entenderiam.
Eu... eu me sinto sufocada. Presa entre as cinzas das sombras e a luz ardente.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PROMOÇÃO PIPOCA BLOG

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O Império dos vampiros - Nazarethe Fonseca


Após muito tempo de gestação, nasce a segunda obra da saga Alma e Sangue, de Nazarethe Fonseca. Eu, como leitora e admiradora desta incrível mulher, divulgo aqui O império dos Vampiros.
O livro estará em breve em pré-venda e em novembro promete estar em todo o Brasil. Aguardaremos ansiosos por mais esta aventura ao lado de Kara e Kmam.
Desejo muito sucesso a Nazarethe e que venham muitos mais livros desta grande saga: Alma e Sangue.
Lembre-se de segui-la no twitter @Nazarethe. E por fim: Comprem o livro, vale realmente a pena.

Michele Penteado.

terça-feira, 6 de outubro de 2009


They're always asking me, and always I got the same answer: Yeah, I'm fine, I said. It's just a bad time, but it'll pass. I know, but the last sentences are only in my mind.
Sometimes, I just wanted to cry, and make pass all this anxiety in my chest, but there aren't tears in my eyes. They just aren't coming out right now, when I want them go out and leave me alone. Maybe I'm crazy.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Assim como a presa não acredita nos perigos de seu predador, eu também não conseguia acreditar nas palavras que saíam da sua boca. Elas soavam fortes demais, decididas, definitivas. E eu estava cheia delas na minha mente. Não havia pra onde fugir. Por mais que meus ouvidos estivessem cobertos, mesmo que meus olhos estivessem pressionados, minha cabeça ainda doía com seus insultos.
Por alguns segundos, porém, era mais fácil lembrar de como seus olhos brilhavam com os meus, da sincronia dos nossos lábios esfomeados um contra o outro. Mas, assim que meus olhos estavam abertos novamente, você estava à minha frente, suas mãos agrediam o ar, seus lábios moviam-se demasiado rápido, mas seus olhos... Eles ainda tinham o mesmo brilho de antes. Eu sabia que, em algum lugar nos seus sentimentos, ainda existia o nosso amor. Agora, entretanto, eu não apreciaria esta parte de você, e eu também não tinha certeza de que eu, algum dia, faria isso. No entanto, eu ainda poderia aguardar por mais algum tempo. O amor me faria esperar.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

domingo, 20 de setembro de 2009

Trechos finais Catty Girl


"Eu nem ao menos sabia se era certo o que eu fazia. Eu estava indo contra todos os meus princípios agora. Eu havia mentido para o meu pai, eu estava colocando a minha vida em risco e – o pior de tudo – eu não estava nada afetada com isso. Talvez nem existisse mais um coração no meu peito. Era como se alguém tivesse tomado todo o ar que restara para que eu respirasse. Então eu lutava desesperadamente para que o devolvessem a mim. Eu já havia esperado tempo demais.

A vingança e o ódio que corriam pelo o meu peito não me deixavam esperar nem por mais um segundo. Eu não teria medo dessa vez. Eu estava forte o suficiente para acabar com quantos fossem os homens que estivessem naquela cabana. Não importando quais armas eles usassem, ou quão assustadores eles estivessem.

O vento beijava as maçãs do meu rosto. Levianamente cobrindo meus olhos com os meus cabelos emaranhados. E eu pude sentir a lâmina afiada da faca que estava em minhas mãos. A velha Bowie de meu pai ainda seria útil para alguma coisa, afinal. Respirei fundo, e deliberadamente dei um passo em direção ao que separaria a doce Mel da felina que ameaçava me possuir a partir daquele momento."


Trecho de Catty Girl - the outset.
Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sarah VI


Todos continuavam a correr desesperados. Vozes misturavam-se no ar e perdiam o sentido. Meu pai continuava ao meu lado, com a mesma decisão de que não iria embora sem mim.
- Você não tem apenas a mim, pai. Há outros que precisam de você. Eu sei o que quero. Seria infeliz se fugisse com vocês. Estaria enganando a mim mesma. - Continuei a fitar as árvores e a escuridão à nossa frente. Meus braços estavam recostados na sacada do grande palácio em que os anjos se abrigavam. Não havia mais esperanças, não para mim.
- Se esta é sua decisão. Eu sinto por não poder fazer nada. - Tocou meu ombro. Eu apenas assenti com a cabeça, assegurando-o de que poderia partir. Tudo ficaria bem. Recebi um beijo seu na testa e senti sua partida. Eu sabia que havia feito a escolha certa, independente do que acontecesse.
Um homem alto e forte, com a pele branca como a neve, saiu de trás das árvores. O sol já havia se posto; só havia escuridão, por onde quer que eu olhasse. O homem correu em minha direção. Montado em um cavalo negro, com uma faca em uma das mãos.
Minha reação não poderia ser diferente. Senti medo, senti-me acuada. Abaixei-me atrás da sacada onde estava, mas sabia que o homem já havia me visto.
Ouviu-se um uivo estrondoso no floresta. Um arrepio percorreu meu corpo. E de repente, fez-se silêncio. Levantei a cabeça cuidadosamente, observando por cima da pedra fria da sacada. O homem no cavalo negro estava voltado para floresta, como se esperasse a chegada de alguém.
Seu objetivo não era destruir minha espécie? O que fazia parado que ainda não atacara? O que o impedia? Ainda havia alguns anjos vagando pelo palácio, procurando por outros perdidos, tentando salvá-los. Não fazia sentido.
Era ele. Saiu de trás das árvores, montado em outro cavalo negro. Ele estava diferente, outra vez. Sua pele não era tão pálida quanto antes, era quase corada, em comparação ao outro homem.
Fenriz também carregava uma espada em suas mãos, e a apontava para o outro homem. Com um uivo alto e forte, ele correu em direção ao homem. A espada pontiaguda, apontada em sua direção, pronta para entrar-lhe no peito. O homem, porém, já estava preparado. A luta começara. Ruídos de espadas e gemidos era o que se podia ouvir em meio aquela batalha. Eu nada entendia. Apenas zelava pela vida de Fenriz. Não seria justo que ele partisse.
O homem o atingiu no rosto. Fenriz estava caído na grama, sobre as folhas.
- Não! Fenriz. - Eu gritei, sem pensar nas consequências.
O homem virou-se em minha direção. Encarando-me com seus olhos negros e profundos. Com um olhar desconhecido, ele seguia até mim, já sem seu cavalo, caminhando sem pressa. Um sorriso brincava em seu rosto.
Enquanto isso, Fenriz levantava sorrateiramente e dirigia-se em direção a seu cavalo, com a faca nas mãos. Meu olhar amedrontado ainda não saía do outro homem, que estava agora a alguns passos de mim.
O homem parou. Com as mãos em seu ventre, sentiu o sangue escorrer pelos dedos. E, em poucos segundos, sua cabeça não pertencia mais a seu corpo.
Fenriz continuou com o cavalo em minha direção, e parou em baixo da sacada.
- Venha comigo, virão outros atrás de vocês. - Ele ofereceu-me a mão. Queria que eu pulasse no cavalo com ele.
Oscilei, decidindo se era o certo a fazer. Afinal, eu não o conhecia, apesar de meu coração afirmar o contrário. Meu coração pertencia a ele, como se sempre o esperasse.
- Confie em mim. Eu não machucaria você.
Foi o bastante para que eu colasse meu corpo ao seu. E saíssemos com o cabelo ao vento pela floresta.
- O que está acontecendo? Por que você o matou? Ele não é um -
- Eu não sou um deles. Eu não pertenço a este mundo, Sarah! - Ele me interrompeu. Surpreendendo-me por saber meu nome.
- Como você sabe meu nome? Eu não lembro... Não, eu não o disse a você. E espere, você não é um deles? - Milhões de perguntas rodeavam minha cabeça. Precisaria organizá-las para entender o que acontecia.
- Todos sabem seu nome. Sua mãe sofreu na mão de meu pai, você deve lembrar disso.
- Seu pai? Loki? E-eu não... - As palavras que saíam de minha boca não faziam sentido algum.
- Pensei que soubesse. Teremos tempo para conversar. Eu não sou um deles. Nós podemos escolher que caminho seguiremos, mas há apenas uma coisa que pode nos mudar para sempre.
- É por isso que seus olhos estão azuis e... Sua pele não parece tão branca quanto era antes. - Toquei seu braço descoberto. Apreciando a textura de sua pele.
- Você me salvou desse destino. Meu pai queria matá-la. Eles não aceitam que um de nós não queira seguir seu destino.
- Aquele era Loki? Você matou -
- Não, não. - Ele interrompeu. - Era apenas um de seus guerreiros. Mas meu pai virá atrás de nós. Não acredito, porém, que nos encontrará. Eu sou como era antes, ele não conseguirá me encontrar nessa nossa forma.
- Para onde estamos indo? - Questionei, Abraçando mais forte seu peito, quando a velocidade aumentou.
- Ainda não sei. Não se preocupe, estará salva comigo - Ele segurou uma de minhas mãos e a beijou delicadamente. - Você não sabe por quanto tempo esperei por você.
Não importava para onde iríamos. Eu estava ao seu lado, repousando na floresta, esperando que o novo dia chegasse para continuarmos nosso caminho. E eu estava a salvo, meu coração estava a salvo, e, pela primeira vez, preenchido.

Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

domingo, 13 de setembro de 2009

Sarah V


Os dias passaram devagar. Era como se faltasse um pedaço de mim mesma. Meu pai parecia entender o que acontecia, mas ele não mais se importava. Não havia o que fazer.

Eu passei semanas indo e voltando pela floresta. Procurando por qualquer rastro que me levasse até ele. Nada. Nem ao menos um segundo bilhete havia na velha praça, da velha floresta.

Nessa última semana, eu já havia desistido de procurá-lo. A floresta já não era mais o meu abrigo. Eu lutava, agora, para esquecê-lo. Eu sabia que não seria fácil, mas não havia outra escolha.

Hoje, enquanto eu caminhava nos arredores da floresta, na claridade, onde minha espécie se hospedava, eu pude sentir o cheiro dele. Alastrando-se por todo o lado. No entanto, não era apenas o seu cheiro que eu podia sentir. Haviam outros misturados. Era mais de um demônio que rondava nosso lar.

Todos gritavam, alguns já batiam as asas para longe. Outros tentavam salvar os mais novos, ainda sem o dom de voar. Meu pai segurava meu braço.

- Sarah, nós precisamos sair daqui. São eles. - Ele murmurava incessantemente em meu ouvido.

Eu não tinha medo. Mesmo que meus sentidos me tivessem enganando, mesmo que não fosse o meu Fenriz quem estivesse se aproximando. Eu não tinha motivos para continuar viva, eu apenas não queria viver assim.

- Vá sem mim,pai. - Meus olhos continuavam fixos na floresta negra à nossa frente. Meu coração divido entre a claridade e a escuridão que separavam a nossa espécie da deles.

- Eu não posso deixar que você fique aqui, sozinha! - Senti meus ombros balançarem de um lado para o outro. Meu pai sacudia-me, na expectativa que eu mudasse de idéia, que eu acordasse para a vida. Não havia mais vida, eu queria dizer-lhe. Era difícil, porém, fazê-lo sofrer. Já bastava o desespero e a tristeza que ele via em mim, e isso eu não poderia evitar... [continua]


Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora