terça-feira, 29 de novembro de 2011

Preciso de você...




Eu sei que disse que não ligaria. Sua voz está sonolenta, e eu consigo ouvir uma segunda respiração ao lado da sua.
Penso que mais uma dose de whisky não me faria mal, mas eu posso sentir o fogo rasgando minha garganta. Oh! Isso não chega nem perto de como está meu coração agora.
Você apenas não escuta nada do que estou lhe dizendo. Talvez realmente não faça sentindo estas palavras alcoolizadas que saem da minha boca entre soluços.
Contudo, eu queria que você entendesse que eu te amo, não há nada que possa mudar isso, definitivamente. Eu passei os últimos dias ocupada, tentando não pensar em você, e no fim... Eu fracassei.
Não é como se houvesse outra coisa dentro da minha cabeça.
Mais um gole de whisky, eu já quase nem sinto o ardor na minha garganta, também não sinto o chão sob os meus pés.
Não estou certa de que você desligou o telefone, mas ele está jogado no chão agora, enquanto eu calço um sapato qualquer e pego as chaves de casa.
Gostaria de bater na sua porta, mas talvez não esteja bêbada o bastante pra isso.
Eu olho pra trás mais uma vez, meus olhos meio turvos me fazem ver nossa foto na estante, e eu lembro que éramos felizes.
Então, o whisky é a última coisa que pego antes de bater a porta de casa e sair em direção a sua. Olho pra garrafa, e espero que ainda tenha o suficiente para que eu consiga chegar até ai...

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sonho e Realidade


Fazia frio, mas havia um cobertor grosso e quente ao meu redor, e havia um peso a mais. Tentei abrir os olhos, mas eles também pesavam. Senti, então, uma pequena onda de calor em meu rosto. E logo depois, vieram as suas palavras. Não foi como se eu as ouvisse todos os dias, elas apenas soaram como um sonho. Meus lábios se abriram lentamente, dando lugar a um sorriso singelo.
Desejei congelar aquele momento, desejei sonhar para sempre. Então, ouvi suas palavras novamente, seguidas de outro beijo em meu rosto. Seus sussurros faziam cócegas no meu ouvido, provocavam lentos arrepios, que iam desde a nuca até os pés.
Seu peso se foi. Meu sorriso também. Pude ouvir seus passos hesitantes pelo corredor, antes que minha mente adormecesse lentamente, sem que eu nem sequer pudesse abrir os olhos e procurar por vestígios seus.
Contudo, meu coração sorriu outra vez, com olhos cheios de lágrimas, quando li seu bilhete em cima da mesa... Meu sonho era minha realidade, eu encontrei o amor...

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

quarta-feira, 2 de março de 2011

Era noite, a rua estava deserta, mas não tanto quanto eu gostaria.
Você estava ao meu lado, mas não da maneira como eu gostaria que estivesse.
Você estava somente ao meu lado. Confesso que precisava de alguém que fizesse isso além do sentido literal da palavra.
Meus passos eram lentos, pesados, cansados.
Eu não estava cansada. Bem talvez estivesse cansada de toda essa situação, de certa forma, mas eu tinha certeza de que eu não seria capaz de tomar nenhuma decisão. Então, eu estaria nas suas mãos. Você sabia disso.
Você estava decidido. Eu podia perceber isso enquanto comparava nossos passos. Os seus eram precisos, firmes. Eu sabia qual seria o final dessa caminhada.
É difícil aceitar quando o amor se vai. Alguém sempre sairá perdendo, não importa qual seja a situação. Nada é plenamente justo.
E conquanto que você não note que sempre haverá um recomeço, você não conseguirá se levantar.
E eu já vinha me preparando pra isso tudo. Às vezes penso que acabei te preparando também.
Talvez eu apenas soubesse, desde o começo, que isso nunca daria certo.
Talvez você estivesse certo quando dizia que não chegaríamos ao mesmo lugar, que não tínhamos o mesmo objetivo.
Nós estamos voltando ao ponto de onde partimos, mas agora as frases me parecem mais claras.
Eu começo a compreender que não há melhor caminho que este. Começo a compreender que não há outro caminho senão este.
Gostaria de lhe dizer que estamos tomando a decisão certa, mas eu não tenho forças para soletrar essas palavras.
Meu coração nunca pensará que tomamos a decisão certa. E não se assuste se você também estiver confuso. Não poderia ser de outra maneira.
Nós encontraremos um jeito de sermos felizes.
O final nunca é realmente um final.
Nós não morremos.
Então não perca o rumo se seu coração apertar. O meu faz isso a todo momento.
Nós somos mais fortes que isso. Porque nós ainda temos nossos corações, por mais que eles estejam em pedaços, eles ainda batem forte.
Nossos sonhos continuarão, nossos planos se modificarão, mas ainda há tempo de fazer qualquer ajuste.
Nós somos jovens. E nós ainda temos nosso coração.

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

domingo, 7 de novembro de 2010


PRÓLOGO

Eu nem ao menos sabia se era certo o que eu fazia. Eu estava indo contra todos os meus princípios agora. Eu havia mentido para o meu pai, eu estava colocando a minha vida em risco e – o pior de tudo – eu não estava nada afetada com isso. Talvez nem existisse mais um coração no meu peito. Era como se alguém tivesse tomado todo o ar que restara para que eu respirasse. Então eu lutava desesperadamente para que o devolvessem a mim. Eu já havia esperado tempo demais.

A vingança e o ódio que corriam pelo o meu peito não me deixavam esperar nem por mais um segundo. Eu não teria medo dessa vez. Eu estava forte o suficiente para acabar com quantos fossem os homens que estivessem naquela cabana. Não importando quais armas eles usassem, ou quão assustadores eles estivessem.

O vento beijava as maçãs do meu rosto. Levianamente cobrindo meus olhos com os meus cabelos emaranhados. E eu pude sentir a lâmina afiada da faca que estava em minhas mãos. A velha Bowie de meu pai ainda seria útil para alguma coisa, afinal. Respirei fundo, e deliberadamente dei um passo em direção ao que separaria a doce Mel da felina que ameaçava me possuir a partir daquele momento.



Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

Livro

Primeiramente, peço desculpas por todo o tempo que fiquei longe desse meu vício pelo blog.
Contudo, os motivos foram bons e recompensantes.
Antigamente morando em Porto Alegre, hoje em São Leopoldo, de volta à terra natal, e sozinha.
Muitos problemas para resolver, mas quando se trata de problemas para uma vida melhor, para obter tranquilidade e estabilidade, então esses problemas acabam se tornando bons, apesar de cansativos.
Por fim, está tudo se ajeitando. Ah, claro! Não podia esquecer outro impecilho: Não há sinal disponível de banda larga onde estou agora, por tanto, estou navagendo em internet discada. Então, tenham paciência...
Agoa, uma boa novidade, assim espero: Para recompensar o tempo perdido, decidi postar capítulo por capítulo do meu livro aqui. Começando hoje, em breve, com o Prólogo.


Por Michele Penteado.
© direitos reservados a autora

sábado, 19 de junho de 2010


Essa manhã foi diferente. Ela ainda não tinha certeza do porquê.
Talvez tenha sido a chuva que caía sem parar enquanto ela observava o teto acima da sua cama. Ou talvez pelas lágrimas que escorriam sem aviso, fazendo com que ela nem sequer enxergasse o teto que tanto observara essa noite.
E também não era como se ela conseguisse controlar todos os pesadelos que teve essa noite. Nem como se ela estivesse acostumada com eles.
Na verdade, era como se ela soubesse, durante todo esse tempo, que eles existiam, mas era algo com o qual ela não queria se preocupar. E talvez seria melhor que nunca tivesse se preocupado.
Contudo, ela já havia o feito, e ela sabia que nada mais voltaria atrás.
Ela prometera a si mesma, anos atrás, que não sentiria isso outra vez, que não correria perigo algum. No entanto, essa noite ela descobriu que talvez não haja uma maneira de controlar isso. E que talvez seja realmente inútil se preocupar, porque que é inevitável que soframos e aprendamos com isso.
Ela percebeu que nem sempre ou, até mesmo, quase nunca terá o que espera. Infelizmente somos donos apenas dos nossos pensamentos e sentimentos. E se nem nós mesmos conseguimos controlá-los ou entendê-los, por que entenderíamos o de outros?
Então, ela prometeu a si mesma que seguiria em frente com algumas mudanças. Ela nunca saberá se é o caminho certo a seguir, mas... E quem sabe?

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora

sexta-feira, 7 de maio de 2010


Eu disse que você era tudo o que eu precisava, eu disse a você isso milhares de vezes.
E agora eu penso se eu estava tentando me convencer disso...
Porque quando tudo está acabado, quando você tem seu coração despedaçado, você tem certeza de que não há mais volta, que nunca terá. Então, você apenas se conforta com isso. E eu não estava esperando que você aparecesse, não agora. Ainda parece ser cedo demais. Contudo, eu sinto que não posso voltar atrás.
Por mais que eu tenha esse escudo ao meu redor, eu não consigo mais segurá-lo por muito tempo. Você já encontrou uma fenda, e está entrando no meu mundo.
Eu não entendo o porquê, mas eu não consigo expulsá-lo daqui. Você já faz parte desse escudo.
E agora eu estou olhando para a pequena fenda pela qual você entrou, mas, na verdade, ela não existe mais. Você a cobriu com algo que eu não sei explicar.
Então, não há mais buracos, não há mais nada em pedaços. Há apenas você e eu aqui dentro.
Eu não consigo mais lutar, não existe mais escudos entre nós, não há barreira alguma, você já alcançou meu coração.
Então, se eu realmente estava tentando me convencer disso, eu consegui. Ou talvez você seja a única exceção pra isso tudo!

Por Michele Penteado.© direitos reservados a autora